Sobre o ser Humano

Os homens não têm ideologias, têm interesse...

"Eu vou comprar você..."

Lista de Afazeres Número 2

- Lembrar de esquecer de tudo aquilo que diz respeito ao tempo;
- Escrever um bilhete em forma de crônica para pôr no elevador do prédio [todos sabem que escrevo?];
- Resistir o quanto puder às pessoas mesquinhas e ignorantes;
- Chorar quando não conseguir;
- Sorrir quando conseguir;
- Surpreender ou ser surpreendido, não muitas vezes, para que não se torne corriqueiro; afinal, questão ou não, devemos lembrar que qualquer momento que virá é uma surpresa...mas os atos cotidianos não nos deixam ver;
- Cantar;
- Estudar;
- Conversar com pessoas interessantes e
- Esquecer toda lista de afazeres e deixar que sejam realmente surpresas todas as ações.

Cirandando

Durante o ensaio do pixainho [para os que não sabem, sou coralista do Altivoz], durante os shows também, sempre tem ciranda. E sempre faço parte. Por mais que algumas pessoas vejam naquilo um certo ritual de "crente". Elas têm uma certa razão, pensei. Acho lindo este momento. O momento no qual damos todos as mãos e giramos a roda. E a dança continua e a roda aumenta. E damos mais ainda as nossas mãos às mãos indigentes...este momento, no qual não nos preocupamos com nada, fazemos a roda girar...e ela gira...

[Re]Viver

Tudo que passa fica caracterizado como saudade. Tá bom, nem tudo. Tá bom, talvez quase nada. Mas o que importa é que alguma coisa resta pra chamarmos de saudade. Em algum momento, você liga seu filme e vê os slides passando devagarzinho, tantas coisas...é tão injusto que o tempo passe e que tenhamos memória...é tão injusto. É tão injusto fotografar, filmar as situações ...por que não inventam a máquina de reviver o momento? Porque tudo que queremos é eternamente viver e não viver eternamente...

Monotonia

Hoje tudo está tão sem graça
Hoje tudo está tão sem
Hoje tudo está tão
Hoje tudo está
Hoje tudo
Hoje
...

VideolaringoQUÊÊÊÊÊÊ????

Amanhã eu vou fazer uma "videolaringoestroboscopia".

Não se assustem com o nome, queridos leitores; parece ser um exame bem simples, tirando o fato de que introduzirão nas minhas fossas nasais um tubinho pra filmar as artistas do momento: minhas cordas vocais!

A princípio elas estão bem, mas, como disse o médico, estar bem não quer dizer que eu as use bem =]

E amanhã tem chopada da EBA. Eu odeio chopadas. Mas vou. Talvez lutando contra-corrente para forçar uma adaptação social. Bom, até! =] Sem nenhuma inspiração poética às vésperas do show-time-vocal-chord... =]

Mirante

Vocabulário novo. Palavras inquietantes, que junto no papel e procuro que façam sentido. Coladas umas às outras, parecem até um pouco sem graça... tenho lido algumas coisas recentemente, estado sem ânimo. Novamente assolado pelo espírito depressivo. Pouco. O que vale é que dura pouco. Uma sensação aqui, um estado intermitente acolá. Logo passa. Tenho estudado muito ultimamente. Não têm durado muito períodos de intempéries, onde há escarmentos por todos os lados, e algo como que um impropério, rompe uma fronteira hermética na qual me fecho. Desfecho.

Uma manhã no mirante. Leblon é lindo. Como as manhãs são bonitas de vez em quando. Por serem manhãs. Ensolaradas ou não. O mar é belo, as montanhas, o verde que quase se apaga na infinidade do morro...poderia abraçar tudo isso e retrair todos os momentos de comiseração, fazendo apenas parte eterna do que me diz respeito natural. Mas aí, não seriam manhãs ensolaradas. Nem manhãs. Nem belas.

O ônibus verde

- Oi menino, quem está esperando?
- O ônibus verde.
- Qual o número dele?
- Número? Pra quê?
- Ora, o número do ônibus. Sem esta identificação, como você vai saber qual deverá tomar?
- Já sei. É o verde.
- Mas existem milhares de ônibus verdes...
- Mas o meu é especial. Não tem rodas...
- Ora, mas se não tem rodas, como se locomove?
- Isso é um segredo. Você só vai saber quando ele chegar.
- Você provavelmente é doido, menino!
- E você está doido pra saber como ele se move.
- Estou mesmo, espertinho!
- Se eu te contasse, você não acreditaria mesmo...
- Como você pode saber?
- Você já não crê no meu ônibus...
- E se eu disser que acredito nele?
- Você estaria mentindo.
- Como você pode saber?
- Porque ele ainda não chegou...

Sobre a Solidão

Hoje me sinto tão só, como se houvesse em mim uma barreira que me isolasse do mundo. Eu sou o pior tipo de solitário: o que precisa não estar só, mas tem dentro de si um vazio que nunca se preenche, e de vez em quando segue se enganando. Hoje estive tão só, que achei, por um momento, que fosse eu a solidão de quem muitos falavam...mas desisti da idéia porque nunca fui o centro das atenções. Por ser só, sempre vivi nos cantos. Quina da sala de aula, meu próprio quarto, chão da rua; qualquer lugar que não me notassem. Eu sei que crio o meu estado. Ele é meu canteiro linear da tristeza, forma de esconder a presença que nunca quis mostrar. Solidão. Monotonia dos passos e transeuntes falando alto, parecem tão felizes rodeados de gente. Que há de errado comigo? Já tomei remédio, fiz terapia, conduzi meu pensamento às coisas alegres e fugidias...não sou eu. Sou só. Na busca eterna do que é meu e há de ser desvendado. Descoberto.